Rejane Moreto, literatura infantil

Escrever é dar voz aos silêncios e asas às emoções.

Textos


Meu gato dourado

Meu Tesouro amarelo repousava na beirada da janela, onde o sol desenhava sombras suaves sobre seu pelo dourado. Nunca foi caçador, nunca correu atrás de presas invisíveis—preferia a contemplação. Observava a vida desfiar suas horas, como se compreendesse cada murmúrio da brisa, cada suspiro das folhas ao vento.

 

Era o ancião da casa, o senhor da paciência e da sabedoria. Os mais jovens aprendiam com ele a delicadeza do tempo, o respeito silencioso que não exige palavras. E foi ele, também, quem mais sentiu a ausência de Mel, a gatinha de olhos vivos que partira na semana passada. Sua companheira de caixa de papelão, sua cúmplice de tardes preguiçosas.

 

Então, numa manhã serena, ele fechou os olhos para o mundo, como quem decide seguir um caminho invisível, como quem entende que certas despedidas não suportam a solidão. Partiu sem pressa, sem medo, apenas levado pelo chamado da saudade.

 

E assim, ficaram as memórias como estrelas brilhando na vastidão do coração. Porque os que amamos nunca vão embora por completo—deixam lições, deixam afeto, deixam um jeito novo de amar, sem medida e sem fim.

Rejane Pinheiro
Enviado por Rejane Pinheiro em 03/06/2025
Alterado em 03/06/2025
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